domingo, 17 de novembro de 2013

Um breve relato sobre o medo...


Deixe essa música tocando quando for ler : The Lonely - Christina Perri

O outono chegou, as folhas já estão caindo ao chão, e da janela, vejo um dia bonito, mas relativamente pacato, e mais a frente, crianças com um sorriso prazeroso em suas faces rosadas, correndo e pisando nas folhas secas, esperando ouvir o barulho cativante que fazem.

E eu aqui, nessa casa vazia e espaçosa, me afogando nas notas, tentando tocar algo nesse piano antigo. Eu e esse meu velho medo de interagir com as pessoas, me fez ser quem sou hoje e me fez viver dessa maneira.

Fui domada pelo meu medo, e desde então, as coisas pararam de fazer sentido pra mim. Minhas telas e tintas foram o meu passa tempo. Quando eu queria falar, ou quando me sentia sozinha, pintava, coisas abstratas, pois era como eu estava me sentindo... Um animal fora de seu bando, um peixe fora d'água, uma história sem ninguém pra ouvir, ou qualquer outra coisa que não faça sentido.

Medo, obrigada por invadir e entrar em minha vida, deixei de ser feliz por sua culpa. Poderia ter corrido atras de meus sonhos, poderia ter participado de eventos, poderia ter cantado, encenado, dançado, mas não, vivi da forma mais silenciosa possível. Fiz de tudo pra ser apagada e esquecida.

Medo, você retirou a minha voz, você retirou tudo o que eu tinha de bom. Me deixei ser controlada por você. Você planejava e contava até os passos que eu daria em um determinado dia.

Hoje, sou uma mulher sozinha, entediante e calada. Eu mesma não me lembro mais de como é a minha voz, posso pensar, posso gritar, mas não consigo ouvir... Qualquer som emitido ao meu redor, se torna silêncio. Olho para o espelho, e uma lágrima desliza sobre o meu rosto, e com o tempo vai secando em minha pele. Não consigo reconhecer a mulher que vejo ! 

Você sabe como é viver assim ?
Sabe como é não reconhecer a própria voz ? 
Você quer que eu enlouqueça ?
Foi isso que planejou ?

Medo eu lhe culpo, mas a verdadeira culpada sou eu. Você está dentro de mim, e você vive, porque eu acredito na sua existência. Eu o deixo viver como um parasita, e o deixo se alimentar de todas as minhas boas lembranças...

Basta sair, correr, sentir o vento gelado me tocar, basta eu me entregar pra vida, basta eu ter a vontade de ser feliz, e viver... apenas viver, pra me libertar !




Não tenha medo de ter medo. Tenha medo de não conseguir ultrapassá-los e vencê-los. Tenha medo de levá-los consigo pela vida toda, e deixar de ser feliz ou de ir atras dos seus sonhos, imaginando que algo ruim vai acontecer. Não deixe o medo te consumir... 

Por : Juliana de Oliveira